quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sentir o País não é o mesmo que ser o País.

Só em Portugal existe uma lei assim, que permite a qualquer criança/bebé ter primeiro o Cartão de Contribuinte (neste caso, o número, para efeitos de IRS) e só mais tarde o Cartão de Cidadão (para inscrição na escola, por exemplo).


Este é o exemplo de cidadania neste país. Este é o sentido em que andam repartições de Finanças, Lojas do Cidadão e afins. Em todos os documentos de registo de uma criança se pede primeiro o número de contribuinte e só depois, o do cartão de cidadão, sendo que neste caso é facultativo.


É o mesmo que dizer que estas crianças já nascem para contribuir para a dívida, ou até mesmo nascem para a pagar! É, ao mesmo estranho, pensar que elas são consumidoras antes de serem cidadãos...

Incertezas

Com tanta "indepêndencia" no Governo (desde Ministros a Secretários de Estado) estaremos perante um novo paradigma da Política em Portugal? Estaremos nós a tentar não identificar nenhuma (ou todas) as cores partidárias com o Governo?


Até há bem pouco tempo era impossível identificar onde começava o PS e onde acabava o Governo. Um era o outro e vice-versa. E agora? Será que vamos ver vozes de discórdia a aparecer não só nos "típicos" partidos da oposição mas dentro do próprio PSD?


De um aspecto este Governo já não se livra: apresenta um panorama renovado, uma lufada de ar fresco num ar que se tornou irespirável ao longo de décadas, e transformou o Governo num lugar de esperança. Por enquanto, apenas esperança.


O tempo dirá se a certeza joga a seu favor e se as decisões que se tomarem serão bem aceites, revolucionárias da vida socio-económica portuguesa, da tipificação de uma vida que nos habituámos a viver e da qual, agora, temos que sair em direcção à incerteza que se segue. Apenas nós contamos e apenas nós podemos escrever esse futuro.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Os Podres Aparecem.

Mário Machado, dirigente da Frente Nacional, garante ter em seu poder documentos que comprovam o favorecimento da Família Sócrates nos casos do Freeport de Alcochete e da Cova da Beira.


Machado encontra-se, actualmente, a cumprir pena de prisão no Estabelecimento Prisional de Monsanto e foi inquirido como testemunha arrolada pelo DCIAP atestando a veracidade dos ditos documentos, embora não tenha podido se pronunciar sobre o conteúdo do ponto de vista técnico.


Segundo o advogado de Mário Machado, este inquérito foi desencadeado após Rui Dias, no seu depoimento no Tribunal de Loures, em 2009, ter afirmado que Mário Machado e mais seis arguidos estavam a ser julgados por associação criminosa, extorsão, sequestro e outros crimes por terem em seu poder documentos de fluxos financeiros que, alegadamente, envolvem familiares do primeiro-ministro cessante, José Sócrates, nos processos Freeport e Cova da Beira.
Rui Dias, que também hoje presta declarações no DCIAP, disse em tribunal que tem documentos que referem o desvio de 383 milhões de euros, envolvendo o tio, o primo e a mãe de José Sócrates.
Será que vamos ter um Ex-Primeiro-Ministro num banco dos réus de um Tribunal? Começa a novela e os próximos capítulos prometem ser bem quentes...

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Trabalho em Portugal (parte 04)

Facto #04


Dou comigo a olhar, sorrateiramente, para um colega que está na mesa em frente deste "open space" imenso. Sinto que estou a ser observado ou, pelo menos, sinto que alguém está a olhar para mim enquanto trabalho. Sinto-me incómodo e tento confrontá-lo cara a cara, nos olhos.


Quando o faço dou de caras com este meu colega a olhar para o "infinito". Olhos perdidos e movimentos parados. E tenho uma sensação de "dejá-vú"...


É que isto acontece várias vezes. Este homem pára tudo e fica assim durante (e não estou a exagerar...) pelo menos uma hora. Já pensei se não estará a fintar o destino ou, simplesmente, a dormir acordado. A segunda possibilidade parece-me muito mais plausível.


São 15h e ele está nisto há uns 20 minutos. Sei perfeitamente que dentro de, aproximadamente, uma hora vai levantar-se. Vai pegar no seu casaco, colocado estrategicamente nas costas da cadeira e, como se já estivesse atrasado para um qualquer encontro importante, vira-nos as costas e diz num murmúrio quase inaudível: ..."´té manhã..."


E fico a perguntar-me como é possível um homem feito, com 30 anos de trabalho, passar as tardes assim. O que é que ele diz à mulher quando chega a casa? Que está cansado? Que não aguenta mais esta canseira de trabalho?


E se fosse o único a ter este tipo de atitude eu até podia ter alguma compaixão, mas não. O pior deles todos está lá atrás, bem lá no fundo. Leva os dias inteiros sem que lhe chegue uma única tarefa (verdade seja dita que também nunca o vi procurar...) e tenta, em vão, entreter-se as 8 horas diárias de suposto e obrigatório "trabalho". E como é que ele faz isso, perguntam vocês?


Joga o mais aborrecido jogo que existe à face deste planeta: vulgarmente conhecido como o Solitário do Windows. Uma e outra vez. E depois um pouco mais. Até serem 16h30. Aí levanta-se e vai à vida dele, que já se faz tarde. Que raio de vida. Que raio de trabalho que esta gente não tem e acha que tem. Há quanto tempo dura isto? Eu só cá estou à um ano, e esta gente leva décadas nesta morte lenta?


E assim se trabalha em Portugal.

Acumular.

Alguém me sabe dizer se há alguma legalidade em acumular cargos junto com a acumulação de ordenados?

É que algo me cheira a esturro e ainda não sei bem de onde vem o fumo...

Os que aguardam à porta...

Meu deus, nem vos passa pela cabeça a quantidade de vozes de discórdia que surgem a cada dia que passa, este sítio chamado emprego.

Desde o dia 06 de Junho que este sítio se tornou num rodopio de uns que querem entrar e alguns que querem sair...

Para mais, depois de assistirmos impávidos a cortes orçamentais propostos e previstos para o ano que vem, não haverá muitos que queiram, de facto, cá ficar. Assim sendo, por cá estarei até próxima notificação.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Palmas, meus senhores, palmas.

A primeira decisão deste novo Governo será a criação de um Organismo independente do Estado capaz de repor alguma confiança em Portugal relativamente aos mercados internacionais, através de uma transparente análise à execução orçamental do Estado Português.


Segundo informação da TSF, este Organismo seria criada pelo Banco de Portugal, pelo Tribunal de Contas e por uma série de personalidades independentes (portuguesas e estrangeiras). Este Organismo seria responsável, igualmente, de controlar as finanças de todas as empresas públicas e das autarquias a nível nacional.

Socialistas são apagados do mapa Europeu.

Espanha é, actualmente, a nação que comanda um pequeno grupo de países com Governos progressistas no seio da União Europeia. Mas, visto à lupa, o Governo de José Luis Rodriguez Zapatero, que sofreu no último 22 de Maio uma derrota histórica e estrondosa nas Eleições Municipais e Autónomas, é mais um caso de resistência de um governo Socialista Europeu ainda em serviço.

Até ao último fim-de-semana, Portugal, Grécia, Eslovenia e Chipre seguiam juntos na caminhada Socialista. Mas com a caída do Governo de Sócrates este clube é agora mais pequeno, selecto e débil não conseguindo fazer frente à ascenção poderosa dos partidos conservadores e liberais da maior parte dos governos Europeus.

A Esquerda Europeia, identificada na sua generalidade com a Social Democracia, sofreu um castigo por parte dos eleitores e dos pecados que estes cometeram frente à crise económica. O caso português foi mais uma demontração desse mesmo facto que está a devastar a política europeia de uma ponta à outra sem dó nem piedade. Em Portugal estes resultados ainda tiveram maior impacto após o resgaste da União Europeia e do FMI de cerca de 78.000 milhões de euros nos quais o novo Governo terá agora que submeter-se a todas e quaisquer exigências.

Zapatero, em Espanha, teve que aceitar, nas anteriores eleições, uma derrota pesada que o próprio PSOE não estaria à espera. Foi o pior resultado de sempre da história do partido, deixando-o a quase 10 pontos percentuais de distância do PP e cerca de 2 milhões de votos a menos. Resta saber se foi um meramente um aviso ou um ultimato.

O resgate de mais de 110.000 milhões de euros à Grécia, ainda assim, não fez mossas no Governo e no seu Primeiro-Ministro, Yorgos Papandreu, que assumiu o cargo em Outubro de 2009, após vencer nas eleições o Movimento Socialista Panhelénico, de Kostas Karamanlis. Juntamente com Grécia e Espanha, os outros Chefes de Governo de esquerda ainda no poder são o Social Demócrata Borut Pahor, na Eslovénia, desde Setembro de 2008, e o Governo de Dimitris Christofias no Chipre, com a particularidade de ser o primeiro comunista a liderar o país.

Os pesos pesados da Comunidade Europeia (França, Reino-Unido, Alemanha e Itália), todos têm governos conservadores, mesmo que não tenham, até agora, gozado de mandatos tranquilos. Em Londres houve um não rotundo, com cerca de 70% do votos, em relação à reforma do sistema eleitoral. Em París, os socialistas começam, agora, a ver a luz ao fundo do túnel após a vitória sobre o partido de Nicolas Sarkozy, nas últimas eleições. Já Sílvio Berlusconi acabou de sobre, nas últimas eleições municipais, uma dura derrot. E em Berlim, a Chanceler Angela Merkel tem em mãos um problema grave com a pressão exercida pelos liberais e pelos Verdes.

Á direita estão, igualmente, países como a Polónia, a Dinamarca, a Holanda, o Luxemburgo, a Finlandia e a Estónia. Mesmo a Bélgica, que leva um tempo record sem governação, está a ser administrado pelo demócrata cristão Yves Leterme.

Como tal é fácil tirar a ilação de que tudo vem em ciclos e que o Socialista está a chegar a mais um final, por esta Europa fora. Não é alheia a razão destas sucessivas derrotas de esquerda e um piscar de olhos em direcção à direita mais conservadora. Será a solução ou apenas um escape momentâneo? Só o tempo o dirá.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Acabou-se.

E assim começa uma nova era. Assim começa o Português a acreditar que é possível fazer mais e melhor. Assim se vê como a Democracia, quando funciona, é de facto um acto útil, importante e sincero.


Ontem não houve desculpas nem tempo para elas. Se o PSD perdesse nunca mais ouviriamos falar de Pedro Passos Coelho. Desapareceria do mapa político nacional para nunca mais voltar, como outros (Fernando Nogueira, por exemplo). Mas, quis o destino, que assim não fosse e revelou-se um candidato pecador em muitos aspectos mas que todos os portugueses esperam ver como um Primeiro-Ministro capaz, honesto, sincero e trabalhador. Capaz de servir de exemplo e de saber motivar os milhões que por aí andam perdidos e sem rumo.


O castigo a José Sócrates foi justo. Encadeado pelas mesmas luzes que o ajudaram a "iluminar-se" ao longo destes 6 anos, suava sem parar, levava a mão à testa como alguém que estava aflito e que não tinha como não o mostrar. Sozinho, como sempre se pautou e destemido como sempre se mostrou. Enfrentou as câmaras e não teve a agilidade de outros tempos frente à troupe de jornalistas que lhe disparavam perguntas incómodas, sem que ninguém o interrompesse, sem que ninguém lhe indicasse a porta de saída. Aquilo que muitos portugueses lhe indicaram durante tanto tempo. Foram cerca de 40 minutos de desculpas e de culpabilização. Muitos ouvintes e poucos apoiantes. Todos prontos, como abutres, à espera da sua oportunidade. Ainda antes da entrada em cena de Sócrates, já Manuel Alegre dizia que se esperava este resultado. Já Isabel Alçada falava, enquanto outros calavam, e lançava dados para quem tivesse dúvida da incompetência no cargo desta senhora (eu fiz isto, eu fiz aquilo e...nada).


Pelas perguntas feitas a Sócrates deparamo-nos com o primeiro sinal de mudança. Acabou a "censura" à imprensa e ontem tudo foi permitido. Até perguntar pelos casos jurídicos pendentes que o aguardam para lá da porta de São Bento. Ao mesmo tempo todos podemos concluir que a saída da vida política de José Sócrates, saturado e com uma imagem demasiadamente desgastada, irá resultar numa colheita do sector privado daquilo que andou a semear durante anos no público. Irónico, inevitável e triste.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Atingir a Perfeição é Possível.

Este Domingo, dia 05 de Junho, vamos ter em mãos a decisão que pode virar o rumo deste país. E pode é uma palavra que deve ser aplicada, neste contexto, com exactitude e precisão. Pode porque se nada mudar vamos mostrar que nos resignámos. Vamos demonstrar uma terrível apatia com a situação actual que hoje o país atravessa.

Essa situação, que se vive a todos os níveis sociais em Portugal, é a situação de cada um de nós. E dentro de cada um de nós estão os nossos próprios problemas, as nossas próprias frustrações e as nossas próprias soluções. No entanto, essas soluções não podem ser desviadas do tema central destas eleições.

Portugal vive hoje um dilema entre as escolhas que deve tomar, quando na verdade, as escolhas são exactamente aquilo que já não tem. Portugal não pode perder mais tempo a errar com escolhas pouco acertadas ou escolhas das quais mais tarde se possa vir a arrepender. E com isto quero apenas dizer que quem quer que saia vencedor das eleições de dia 05 tem que ter um país atrás que lhe passe confiança e lhe transmita a serenidade de governar um país que não se quer deixar governar. A História assim já o provou, uma e outra vez...

Não se trata mais de escolher uma cor partidária, não se trata mais de escolher um líder político, não se trata mais de escolher um discurso em detrimento de outro, não se trata mais de escolher um ideal acima de outro. Trata-se de muito mais que isso. Trata-se de fazer uma escolha acertada e da qual não nos podemos arrepender. Trata-se de acreditar em nós e nas capacidades de um País e dos seus habitantes, quer eles sejam Portugueses ou Emigrantes Estrangeiros.

Temos que acreditar que todos têm algo para dar e todos podem dar muito mais do que aquilo que pensam ter dado até agora. Trata-se de agarrar a oportunidade que nos dão, dia-a-dia, e não largar. Trata-se de obedecer e fazer-se obedecer. Trata-se de ouvir e fazer-se ouvir. Trata-se de criar ordem e justiça no local de trabalho. Temos que aprender a fazer cumprir datas e horários para que não existam desculpas para criar o erro. Forçar a exactidão de cálculos e projecções para não existirem derrapagens. Não se gastar recursos onde eles já não existem. Deixar um lider liderar é tudo isso e mais. É obedecer, fechar os olhos e acreditar. Mas não apenas isso, é trabalhar em conjunto e criar um país unido em torno dos mesmos objectivos.

Crescer não faz parte do vocabulário da maior parte das empresas portuguesas a operar no mercado nacional. Subsistir e sobreviver são muito mais facéis de pronunciar e alimentando expectativas só leva a desilusões, pelo qual, as empresas apontam para baixos objectivos na esperança de atingirem tais metas. Ainda assim, quando falham pedem ajudas, quando falham pedem "bóias de salvação" que nunca antes tinham existido. Interesses são levados em conta e sucedem-se os "fechar de olhos" para injectar dinheiro público em parcerias que não têm cabimento de existir.
Todos somos responsáveis por isso. Alguns mais que outros mas todos ficamos em casa a ler os jornais e a ver pela televisão esses acontecimentos e apenas abanamos a cabeça, enquanto outros sorriem de alegria porque ainda mantêm as suas empresas e os seus cargos de administradores intactos até uma próxima ajuda estatal.

Esta sectorização do mercado laboral tem que acabar. Todos contribuem para a alimentação da economia estatal e todos merecemos a mesma atenção. Mas para isso temos que cumprir com as regras que nos são impostas. E hoje, mais que nunca, há que rever certas regras laborais que existem no nosso país. O facilitismo não pode ser uma solução dentro das empresas. A desobediência não pode resultar num impasse. O despedimento não pode ser uma arma administrativa sem execução. Hoje, trabalhadores com contrato, nada temem. Apenas que lhes cortem salários e regalias. Temos todos que ter a noção que amanhã podemos estar na rua. Aprender a viver todos os dias com o risco e o que ele pode trazer de bom e de mau, para dentro de uma empresa. Nesse aspecto, não há muitas dúvidas que quem trabalhou já a Recibos Verdes, tem uma percepção do mercado de trabalho completamente diferente. Sabem que amanhã pode tudo ir pelos ares. Sabem que têm que dar tudo por tudo hoje e não amanhã porque pode ser tarde demais.

Nas empresas portuguesas existe este acesso total, permitido por chefias, a que o trabalhador exerça o seu cargo da forma que ele bem entender, desde que no final os objectivos tenham sido atingidos. Ora a questão é saber que métodos de trabalho são esses. Assistir a um trabalhador passar mais de metade do seu dia agarrado à internet ou a um jogo que exista no computador não pode passar incolúme. Não pode ser apenas objecto de comentário sarcástico. Tem que ter medidas drásticas e isso, hoje, não é uma realidade.

Estamos, rapidamente, a caminhar para um abismo que apenas tem uma solução. Essa solução passa, como já referi, por nós e por aquilo que queremos para Portugal e os nossos filhos. Iremos deixar este país livre de amarras e de constrangimentos quando são essas mesmas amarras que nos fazem crescer e nos fazem ser melhores?

Pensam no que podem oferecer a Portugal e pensem no que Portugal pode crescer com a vossa ajuda. Não podemos gastar mais recursos, mais dinheiro e mais imagem negativa com políticos corruptos, com empresas fantasma, com dinheiro sujo ou com auditorias falsas. Entreguem o vosso voto à utilidade do país. Não o gastem com quem não merece, ou com quem não consegue exercer o seu cargo na perfeição, porque é de isso que se trata agora: atingirmos a perfeição, se é que ela existe...