Espanha é, actualmente, a nação que comanda um pequeno grupo de países com Governos progressistas no seio da União Europeia. Mas, visto à lupa, o Governo de José Luis Rodriguez Zapatero, que sofreu no último 22 de Maio uma derrota histórica e estrondosa nas Eleições Municipais e Autónomas, é mais um caso de resistência de um governo Socialista Europeu ainda em serviço.
Até ao último fim-de-semana, Portugal, Grécia, Eslovenia e Chipre seguiam juntos na caminhada Socialista. Mas com a caída do Governo de Sócrates este clube é agora mais pequeno, selecto e débil não conseguindo fazer frente à ascenção poderosa dos partidos conservadores e liberais da maior parte dos governos Europeus.
A Esquerda Europeia, identificada na sua generalidade com a Social Democracia, sofreu um castigo por parte dos eleitores e dos pecados que estes cometeram frente à crise económica. O caso português foi mais uma demontração desse mesmo facto que está a devastar a política europeia de uma ponta à outra sem dó nem piedade. Em Portugal estes resultados ainda tiveram maior impacto após o resgaste da União Europeia e do FMI de cerca de 78.000 milhões de euros nos quais o novo Governo terá agora que submeter-se a todas e quaisquer exigências.
Zapatero, em Espanha, teve que aceitar, nas anteriores eleições, uma derrota pesada que o próprio PSOE não estaria à espera. Foi o pior resultado de sempre da história do partido, deixando-o a quase 10 pontos percentuais de distância do PP e cerca de 2 milhões de votos a menos. Resta saber se foi um meramente um aviso ou um ultimato.
O resgate de mais de 110.000 milhões de euros à Grécia, ainda assim, não fez mossas no Governo e no seu Primeiro-Ministro, Yorgos Papandreu, que assumiu o cargo em Outubro de 2009, após vencer nas eleições o Movimento Socialista Panhelénico, de Kostas Karamanlis. Juntamente com Grécia e Espanha, os outros Chefes de Governo de esquerda ainda no poder são o Social Demócrata Borut Pahor, na Eslovénia, desde Setembro de 2008, e o Governo de Dimitris Christofias no Chipre, com a particularidade de ser o primeiro comunista a liderar o país.
Os pesos pesados da Comunidade Europeia (França, Reino-Unido, Alemanha e Itália), todos têm governos conservadores, mesmo que não tenham, até agora, gozado de mandatos tranquilos. Em Londres houve um não rotundo, com cerca de 70% do votos, em relação à reforma do sistema eleitoral. Em París, os socialistas começam, agora, a ver a luz ao fundo do túnel após a vitória sobre o partido de Nicolas Sarkozy, nas últimas eleições. Já Sílvio Berlusconi acabou de sobre, nas últimas eleições municipais, uma dura derrot. E em Berlim, a Chanceler Angela Merkel tem em mãos um problema grave com a pressão exercida pelos liberais e pelos Verdes.
Á direita estão, igualmente, países como a Polónia, a Dinamarca, a Holanda, o Luxemburgo, a Finlandia e a Estónia. Mesmo a Bélgica, que leva um tempo record sem governação, está a ser administrado pelo demócrata cristão Yves Leterme.
Como tal é fácil tirar a ilação de que tudo vem em ciclos e que o Socialista está a chegar a mais um final, por esta Europa fora. Não é alheia a razão destas sucessivas derrotas de esquerda e um piscar de olhos em direcção à direita mais conservadora. Será a solução ou apenas um escape momentâneo? Só o tempo o dirá.